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segunda-feira, maio 31, 2004

PARTIDA

Farto de ver. A visão que se reencontra em toda a parte.
Farto de ter. O ruído das cidades, à noite, e ao sol,e sempre.
Farto de saber. As paradas da vida. - Ó Ruídos e Visões!
Partir para afectos e novos rumores.

VIGÍLIAS

I

É o descanso iluminado, nem febre nem langor, na cama ou no prado.

É o amigo nem frágil nem ardente. O amigo.

É a amada nem torturante nem torturada. A amada.

O ar e o mundo em demanda. A vida.

- Então era isto?

E o sonho esvai-se.

Rimbaud

sábado, maio 29, 2004

And Now Something Completely Different...

And muito because it is a matter of a fenómeno internacional, o que I find was uma fucking tradução, na YAHOO, for my anterior post of ontem, here aqui vai, meus friends. Enjoy à brava.

They forgive any coisinha,
but instead of Alvaláxia more would not be adjusted LAGARTÓVIA?

sexta-feira, maio 28, 2004

Agora é definitivo e irreversível
É já no próximo mês que o SULturas sem filtro - versão pasquim, sai para as ruas. O que é que querem? Apesar dos meus apelos frenéticos, ninguém depositou coisa alguma, na minha conta, a bem da causa. Continuo, momentaneamente, sem carcanhol para o equipamento de impressão. Mas isto vai! Deixo-vos com o início da entrevista de José da Procura Incessante de Tacho a António Andróide da Nação. O resto virá na edição em papel. Apanhem-na sempre!

JPIT – Conte-nos um pouco do seu percurso desde os primórdios da sua conturbada actividade, supondo eu que escrever desalmadamente implique um estado alterado, um misto de tempestade mental e inspiração, e a sua concretização consequente...

AAN – Creio bem que terá sido no ano de 1986, que surgi no mundo real, pela mão de Nuno Elmano. Publiquei, em Maio desse ano, um poema pró-niilista intitulado: Dedicatória. Foi uma hecatombe em termos de impacto cultural. Nunca ninguém se atrevera a desancar a realidade, de tal modo, em Portugal. A edição pirata - apenas trezentos exemplares, passou despercebida ao grande público, tendo, no entanto, irritado sobremaneira os ilustríssimos e caquécticos senhores que decidem o que é culturalmente aceitável ou não. Mas também, quem quer aproveitar a aprovação grotesca do grande público ou dos atrofiados eruditos da inquisição intelectual? Apenas os mercadores, não? Além disso, nunca me preocupei com a opinião pública: a ideia que façam de tudo, ou mesmo de mim, é somente um erro que me é alheio.
Em 1994, o Elmano mobilizou-me para um novo projecto: o SULturas. Aceitei de bom grado. Foram anos intensos, mas muito pouco satisfatórios em termos de afirmação. Quem se divertiu imenso foi o Nikon Flash de Absinto – as gajas adoram posar para as máquinas fotográficas. (risos) A fórmula do pasquim era demasiado popular. Mas tal como o Elmano me explicou: “Temos de comer todos os dias, este é o lema interno do pasquim”. Esteve, no entanto, sempre adjacente na filosofia da publicação, o cultivar de algo mais do que um humor pobre e simplista. O sarcasmo, aliado a uma ironia cáustica, foi a nossa arma predilecta. O Elmano nunca teve o ensejo de meter mãos a uma obra consistente. Primeiro, por ter, assumidamente, falta de método; segundo, por ser um descrente relativamente a obras de volume, ou literatura a quilo, tendo criado, para efeitos de combate a essa gordura da produção da mente, o conceito de escritor avulso. Também eu confesso não ter pachorra para certas merdas de peso que se editam.
Contudo, viria a ser no SULturas, em 1999, que escrevi a melhor peça jornalístico-visionária do fim do mundo - Apocalipse. Foi um furor. É pena que o mundo não tenha acabado mesmo, pois teria tido uma carreira brilhante à minha frente. Enfim... (risos)

Desculpem qualquer coisinha,
mas em vez de Alvaláxia não seria mais adequado LAGARTÓVIA?

quinta-feira, maio 27, 2004

LISTA DE PREFERÊNCIAS DE ORGE

Alegrias, as não medidas.
Peles, as não extorquidas.

Histórias, as ininteligíveis.
Conselhos, os inexequíveis.

Solteiras, as jovens.
Casadas, as que enganam os homens.

Orgasmos, os não síncronos.
Ódios, os recíprocos.

Domicílios, os permanentes.
Adeuses, os sub-ardentes.

Artes, as não rendáveis.
Professores, os enterráveis.

Prazeres, os que exprimir se podem.
Fins, os de segunda ordem.

Inimigos, os sensíveis.
Amigos, os incorruptíveis.

Cores, o rubro.
Meses, Outubro.

Elementos, o fogo.
Deuses, o monstro.

Decadentes, os louvaminheiros.
Mensagens, os mensageiros.

Vidas, as lúcidas.
Mortes, as súbitas.


Bertolt Brecht

DAS CIDADES

Por debaixo esgotos sobre o solo
Nada e por cima o fumo
Ali vivemos nós sem gozo nem consolo.
Depressa passámos nelas. E, devagar, também elas seguem o nosso rumo.


Bertolt Brecht

terça-feira, maio 25, 2004

ALELUIA! ALELUIA!
(muito embora não saiba qual o santo padroeiro de serviço às andanças automobilísticas, equestres, pedestres e de burro)

Vou hoje, depois da interdição de condução por dois meses, buscar a minha carta à DGV. O que deu origem à coisa? Copofonia, está bem de ver. Mas copofonia low profile. A minha filha acredita copiosamente que os guardas (mauzões) me tiraram a carta por ir depressa demais, chegando a alegar às pessoas que eu tenho "parafusos a mais" e, como tal, tenho de circular em velocidade compatível. Não tanto assim para o estado sóbrio, direi eu, mas já poderia evocar o valor acrescentado dos meus "parafusos", quando em estado ébrio. E a explicação é simples: aos milhares de horas de condução, acrescem os milhares de horas de vôo (etílico), sendo centenas delas concomitantes, confesso. Tudo isto é experiência real e comprovada, não me denegrindo em nada, juro. Acontece portanto que em vez do estúpido, taxativo e incoerente balão, tipos do meu calibre deveriam ser submetidos (dentro de valores de alcoolémia não muito elevados, é óbvio - nesses só consigo andar de gatas) a testes de capacidade de reacção, concentração e o que mais lhes aprouvessem. Existindo ainda o direito de comprovação, por parte do condutor, do seu estado de perfeito domínio da viatura, da seguinte forma: ao passar pela brigada, um condutor que não parasse e fizesse, com a mão, o sinal de "sigam-me", tinha automaticamente o direito de fazer uma prova de perseguição (intitulada: agarra-me se puderes) por parte de um elemento da brigada, e ao fim de cinquenta quilómetros, caso não fosse apanhado, estaria de imediato ilibado de qualquer acusação.
Considerando que a actual lei, apesar de injusta e desproporcionada (para alguns - por ser abrangente e nada selectiva), está infinitamente longe de poder ser revista, resta-me começar a consumir drogas. Shame on you!

domingo, maio 23, 2004

Há precisamente um ano atrás, escrevia eu para a "INÉDITA" o que se segue:
UMA EQUAÇÃO

Estou farto dos Estados Unidos da América. Estou farto de cowboys. Estou farto do Iraque. Estou farto de bigodes muçulmanos. Estou farto de gasolina cara. Estou farto de nunca mais me sentir europeu. Estou farto de não saber o que pretenderão de mim sendo europeu. Estou farto que nem saibam o que isso venha a ser – a Europa. Estou farto de constitucionalistas bruxelenses invocando Deus à toa, tentando retê-Lo num documento duvidoso. Estou farto dos traques dos Chiracs. Estou farto da guerra que nos querem vender. Estou farto de paz a prestações. Estou farto de alemães manhosos com apitos de árbitros. Estou farto da merda das bolachinhas espanholas. Estou farto e de olhos em bico com a Coreia sem sentido de Norte. Estou farto dos aliados britânicos e das suas tácticas de felatio. Estou farto do whisky marado. Estou farto de frangos toxicodependentes. Estou farto de não ver o povo português feliz. Estou farto de ter vergonha ao citar o estado da minha nação. Estou farto de nunca termos sabido estar orgulhosamente sós. Estou farto de nunca se terem tirado proveitosos dividendos dessa mesma paranóia. Estou farto da gloriosa trampa épica de quinhentos anos de história, desaguando num presente tão mirrado. Estou farto de globalizações. Estou farto de tanta e esmagadora tão-pouca-coisa. Estou farto dos incompetentes dirigentes portugueses face aos competentes asnos maquiavélicos internacionais. Estou farto da fartura de más ideias e da morte súbita de todos os ideais. Estou farto de acordar todos os dias com um estrondoso grito engasgado e adiado. Estou farto de gente sem convicções. Estou farto de pindéricos mentais em geral. Estou farto de Bancos em particular. Estou farto que ainda não se tenha nascido verdadeiramente para a única salvação nacional – o turismo (mas a sério, como nos filmes). Estou farto de estar tão farto!

sexta-feira, maio 21, 2004

O andarilho

Há muito que sabia que o propósito da vida era encarnar a inutilidade de todas as coisas, assim, duma maneira efémera e transitória . Acreditava contudo na Razão, ou por assim dizer, nas diversas formas da mesma se expressar. Pensava vir a escrever uma obra prima arrebatadora, que fosse a um mesmo tempo a condensação de toda a poesia e a fórmula rigorosa e plena de todo o Universo.Esta intenção não continha qualquer presunção ou mesmo vaidade, era apenas uma ambição ingénua que lhe parecia dar mais alento à sua vida . Em termos sociais este projecto seria a sua realização suprema, com um fim didáctico e um objectivo altruísta. Deus, no entanto, como não gostava de ter concorrência, fazia com que este mísero ser se reduzisse o mais possível à sua insignificância, de modo a adiar para nunca mais a concretização de tal empreendimento. Assim, fornecia-lhe diariamente doses quase insuportáveis de frustração, autocrítica massacrante, fobias generalizadas e por vezes mal estar físico. O ser pensava frequentemente que não merecia tal sorte, mas logo de seguida procedia a um exercício mental que consistia em sentir por longos momentos o infortúnio de todos os seres que lhe eram alheios. Tal massagem à consciência não o consolava, apenas o incitava a encarar melhor um destino que não compreendia nem dominava. Nesses momentos ouvia Mozart em alto som e fechando os olhos percorriam-no imagens de seres massacrados e esfomeados, espalhados, como lapas ressequidas, por desertos ou montanhas inacessíveis. Sentia tudo isto com uma dor entranhada nas veias e nos ossos; por vezes estremecia com a vontade única de gritar e redimir todo o mal do planeta. Depois, bebia vinho até esquecer os motivos do Mundo, de Deus e até os seus. Um dia foi visto a vomitar em frente a um altar. Como Cristo já tinha existido haviam quase dois mil anos,restava-lhe o desemprego ou acalentar esperanças obscuras de realização espiritual. Emigrou para países distantes e taralhoucos onde ainda existiam subsídios para novos profetas. Deixou para trás comodidades, comércios e outros artifícios da civilização ocidental. Orientou-se . Conheceu formas exóticas de amar e defecar. Rezou aos deuses que estavam de serviço nessas geografias distantes. Como não obtivesse resposta dos mesmos, decidiu peregrinar apenas em nome do amor. Levou lambada a torto e a direito. Os seres desses lugares já tinham esgotado a pachorra. Queriam apenas pão. Acabou finalmente os seus dias, pescando e pregando aos peixes, lá para as bandas da Tailândia. Mandava com frequência postais com gravuras de prostitutas menores para o seu tio, um comerciante de carnes de profissão. Morreu de uma crise aguda de dúvidas existenciais crónicas, que costumava combater com uns chás exóticos de efeito erótico fornecidos pelo seu melhor amigo, um proxeneta influente na zona.
Agora S. Pedro queixa-se de distúrbios de seitas paralelas no Céu, parece que este ser dedicou-se a criar várias facções entre as alminhas. A administração do Domínio dos Deuses decidiu destacar o rebelde para o Uganda celestial, onde contrariamente ao terrestre, há excesso de peixes para serem pregados.
Há gente que nunca muda.

quinta-feira, maio 20, 2004

CORPO CAI DO CÉU NA CAPARICA Pronto, começou a imigração radical aérea! Esperemos que os ucranianos tenham paraquedas e os brasileiros parapentes. Pelo sim, pelo não, vou comprar um capacete para ir à praia este Verão.

quarta-feira, maio 19, 2004

Hoje descobri um lugar de profunda atitude interventiva e deveras correctiva. Um brilhante ensaio de construção de ultimatos: os que interessam, sendo, para nosso desalento, precisamente os que nunca foram formulados e executados. Pela sua acutilância passou a figurar nos sítios com pintarola. Vão lá ver.

terça-feira, maio 18, 2004

A propósito de autocrítica
Desta merda. A porcaria de escrever práqui está a tornar-me uma flor estufada; mais instável, mais ao sabor dos humores e das humidades, mais auto-interpelativozinho, mais “e-agora-o-que-é-que-eu-escrevo”, mais “deixa-cá-ver-se-isto-ficou-benzinho”, mais “ai-mas-era-mesmo-preciso-escrever-assim?”,
mais coninha-de-sabão,
mais dependente do tremer da mão
mais amante da especulação mental,
e isto já me está a cheirar mal.

Ora nem mais. Diria eu à laia de Dupond et Dupont. E quem o disse foi o desfazedor de rebanhos (vão lá ver sff) no seu post de 15 de Maio. Pois é, esta coisa "em directo" tem destas desvantagens, comparativamente ao silêncio gerido nos escritos guardados na gaveta e retocados à distância no tempo, a caminho duma pretensa perfeição estilística, ou de ordenamento de um ramalhete ideário. Ao correr desta pena electrónica o compasso é outro. Aconteceu-me há dias ter escrito um post, empolgada e freneticamente, às três da matina debaixo do efeito fulgurante duma carrada de vodkas e no rescaldo de uma conversa de bar. Mais tarde, na dolorosa ressaca matinal, reparei que a coisa estava grotesca e imprópria para consumo, ou, mais propriamente, feita de cabeça a latejar e com poucos trambelhos quanto ao modo de afirmação. Retoquei-a a tempo, porque os leitores não entenderiam a substância em bruto, ou à bruta! Melhor, amputei-lhe os reles epítetos, próprios do vociferar etílico em estilo boçal. O que é que querem? Por vezes também dou comigo nesse estado alterado. Fica a promessa de não produzir mais posts ébrios. Esses ficarão no sítio certo: no balcão onde aconteçam. Ademais, um bardamerda espirrado com razão não deve deixar um gosto de arrependimento ou de incoerência. Mas tem de se circunscrever ao contexto em que seja meritório. Os meus conhecidos e amigos, que tenham lido a coisa em versão original, terão sabiamente pensado: "Epá... vendaval na costa sul!" Mas em verdade foi apenas tempestade em copo de vodka.

At last but not least and also at least but not last
Tenho andado a tratar de facturar umas massas extras para a coisa abaixo descrita, vai daí o ligeiro abandono do blog. But I'm back now! Considerando a imensa falta de carcanhol, agradeço que depositem no BCP/Millenium, na conta de Nuno Elmano Assis Mota da Cruz, os vossos donativos. De salientar que é uma boa oportunidade para branqueamentos e outras lixívias comerciais. Bem-hajam!

SULturas agora em versão sem filtro

Tal como já tinha sido referido em post anterior, o pasquim em título passou à clandestinidade comercial, devido à inexplicável taralhouquice da tipografia "O ALGARVE". Coisas da vida. Estamos portanto a apetrechar-nos de equipamento sofisticado (qual miraculosa Gestetner de Guttenberg) e passaremos a ter um modus operandi mais subversivo e nocturno - insónia, café, jameson e rotativas. Ufa! Os esclarecidos e iluminados leitores só têm de aguardar mais um pouco. Embebedem-se para passar o tempo. E perguntam vocês, resto da maralha, para que serve o pasquim? Pois bem aqui vai uma
DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS
O SULturas existe para providenciar uma certa higiene mental aos seus leitores. Há que evacuar com método a treta que nos dão a comer por todos os lados. O nosso editor tem, no entanto, outras formas de exercitar a sua higiene mental além da feitura do pasquim. Ler, sonhar, pensar, beber vinho tinto, ouvir música a sério, dar quecas sinfónicas ou incomodar gente que não presta, são tudo formas de obter uma decente higiene mental. A higiene mental é uma coisa muito importante. Quando não há higiene mental pode-se ficar como a maioria dos seres. A maioria dos seres existe para dar cabo do gozo das coitadas das minorias e de outros seres ainda mais solitários. O nosso editor, por seu lado, está-se cagando para isso tudo.
O SULturas é um bem comum e como tal não custa dinheiro aos leitores. Os leitores apenas têm de olhar para as páginas dos patrocinadores para que estes fiquem felizes. Os patrocinadores quando ficam felizes, patrocinam. Os patrocínios são muito bem-vindos e a nossa conta bancária agradece também. O dinheiro faz milagres. A saída para a rua de mais um pasquim é um milagre renovado. O nosso editor, por seu lado, está-se cagando para isso tudo.
O SULturas não gosta de vasculhar a vida dos outros. A vida dos outros é uma coisa sem interesse, excepto, eventualmente, para esses mesmos outros. Para vasculhar a vida dos outros já existem muitas merdas de publicações. Se os outros não existissem, não me divertia tanto, nem fazia este pasquim. Há, portanto, utilidade para os outros. Digamos que os outros são a manteiga para o pão da nossa existência, embora eu não me canse de pedir paté, sem nunca o obter. O nosso editor, por seu lado, está-se cagando para isso tudo.
O SULturas preocupa-se com o andar caquéctico do Mundo de hoje. O Mundo de hoje continua a ser uma colossal merda antiga cheia de modernices. As modernices são coisas geralmente comercializáveis. As coisas comercializáveis são quase todas de grande inutilidade e de mau gosto. O mau gosto é uma constante em todas as manadas de seres humanos. Experimentem estar lúcidos e vejam as quantidades de porras que nunca comprariam se fossem sempre lúcidos. A lucidez serve apenas para descascar a realidade. É claro que a realidade também é uma grande trampa e ainda por cima é subjectiva. Ser parvo perante a realidade, sempre foi mais divertido. Ser divertido em língua inglesa é ser gay. Ser gay é uma paneleirice duma modernice. O nosso editor, por seu lado, está-se cagando para isso tudo.
O SULturas é uma forma de evitar que o nosso editor se interne permanentemente num hospício. Num hospício há tranquilidade com ausência de conversas de merda e há enfermeiras à ganância, em contrapartida não há adega nem bar. O nosso editor pensa que seria de grande salvaguarda de talento humano, a criação de um mega-hospício em zona ampla e de imensos recursos, rodeado de um campo minado para afastar parentes e outros entes, e onde conviveriam em plena luxúria todos os seres que sabem pensar e que concluíram que pensar, sendo um exercício tão inútil como tudo o resto, apenas deve ser executado por uma questão de gozo. Na impossibilidade actual de tal projecto se concretizar, é claro que o nosso editor só poderia estar-se cagando para isso tudo.

sábado, maio 15, 2004

ESTE MEU VÍCIO DE VINICIUS

Hoje é Sábado
Amanhã é Domingo
Não há nada como
O tempo para passar


Detesto tudo o que oprime o homem, inclusive a gravata.


Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do que não espero.

Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou.

Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.

Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...

Vinicius de Moraes

quinta-feira, maio 13, 2004

Mundo Invariavelmente Cão
É preciso, urgentemente, deixarmo-nos de tretas de sacralização da democracia, como se esta fosse criação moderna e um passo no caminho para a perfeição no mundo. Desenganem-se, não o é. Nunca foi historicamente, nem tão pouco futuramente. A ordem consegue-se com medidas de força, porque a realidade é só uma: continuamos um mundo medievo composto por bichos ainda mais ancestrais. Mas a ordem nem tem de ser um postulado. Existe o caos para todos se servirem. Mas isso assusta, com os animais à solta, não é? Não há razão com R grande. Há a falência da humanidade em versão de novas tecnologias. Qualquer ser enquadrado socialmente, claudica mentalmente perante o acervo de bestialidades, muito embora em nome do sistema, que por vezes se lhe depara; pior: que quotidianamente se lhe depara. E, com isto, lá se vai a socialidade p'ró galheiro. Espanto-me apenas pelo facto de haver tão pouca merda da grossa, diariamente, mesmo aqui, no nosso mundinho ocidental. E nunca o contrário. Um dia tranquilo, sem notícias bombásticas, é um dia fora deste mundo.
Dito isto, acrescento o seguinte - reportando-me aos acontecimentos das prisões onde se encontram os alegados criminosos de guerra iraquianos: o que estavam todos à espera que os americanos fossem? Equilibrados? Mas se é um povo de imbecis, como poderiam ser os seus soldados? O que estavam à espera que se tornasse este quadro de guerra? Uma harmonia nos escombros? Melhor: uma sinfonia de uma nova democracia? E que a esquerda falida não me venha com discursos de direitos humanos! E as prisões cubanas? E Guantanamo, p'rá direita? E as crianças israelitas dos últimos estoiros, novamente à esquerda? Já não há pachorra. Ainda agora, neste preciso instante, em todas as masmorras do mundo civilizado, e se calhar também aqui, já ao nosso lado - pasmem-se ó limitados, passam-se coisas insondáveis e que jamais serão relatadas. Mas para essas não tendes sequer imaginação, pois não? O horror não tem limites. Existe. E essa é também a nossa condição de mundo ocidental. Talvez por isso mesmo os mais esclarecidos dos islamitas (se é que existem) ponham em causa o nosso universo ocidental. Convém pensar nisto de mente aberta.

PREFIRO IR COM HOMENS...
...mas não perco de vista um lobo de alsácia ou um burro experiente.

A vida sexual de Melissa Panarello começou aos 15 anos e rapidamente se transformou em vício. Dois anos mais tarde ela escreveu o relato da sua cura, sob a forma de um diário que escorre erotismo: “Não posso viver sem sexo. Para mim é uma necessidade básica como beber ou comer.”
A polémica ajudou a vender. Muitos jornais italianos acusaram a obra de ser uma mistificação. Argumentaram que nenhuma rapariga de 17 anos poderia ter escrito livro tão adulto – ou vivido as experiências sexuais nele relatadas, desde orgias sado-masoquistas a relações homossexuais.
A obra, editada em Portugal pela Teorema, tem a forma de um diário, abarca dois anos da vida da autora. Foi escrito em apenas um mês, em Março de 2002. E num ano tornou-se num fenómeno comercial sem precedentes. Só em Itália vendeu 800 mil exemplares e os direitos de tradução já foram comprados por 25 países.

Como vêem ó juventude, para chegar ao best-seller é só fornicar a torto e a direito, durante anos a fio, e depois alinhavar em prosa todas as quecas em trinta dias. Qual estudar muito ou ler ainda mais. Não senhor. Foder, foder, foder sempre!

quarta-feira, maio 12, 2004

Hoje ando muito ocupado a pôr ordem na minha vidinha, pessoal e intransmissível. Não chateiem e vão passear até aos sítios com pintarola, expostos já aqui ao lado. Amanhã também é dia. Fui!

O Blogger.com (ou será "A Blogger.com"? nunca sei o sexo destas coisas) metamorfoseou-se em novo formato. Um pouco infantil, diga-se de passagem. Gostava mais das características da coisa anterior. Mas pronto, os papás lá terão os seus motivos. E nós, comuns bloguistas mortais, só temos de nos adaptar às evoluções que mais se parecem com involuções. Desde que o bicho tentacular não perca funcionalidade, está tudo bem!

segunda-feira, maio 10, 2004

EXPLICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS INTERNOS E ESTRUTURAIS (uau! que "ganda títalo")
Nos últimos meses tenho andado que nem um danado a coscuvilhar toda a blogosfera portuguesa - do resto do mundo ocupar-me-ei em tempo útil embora desafogadamente - a qual cresceu que nem cogumelos delirantes em floresta virgem. Neste processo desenfreado tenho encontrado preciosidades, como não poderia deixar de ser em pátria de prosadores, aventureiros, pensadores e inventores. Os links que assinalo, em espaço lateral próprio, são referentes aos sítios que elegi, de maneira arbitrária - facultativa portanto, como aqueles que mais me sensibilizaram ou arrebataram por variadíssimos motivos. São todos sítios com pintarola. O último que acrescentei é o sítio do cota, assim por mim designado por empatia incondicional ao universo do mesmo. Que o autor do sítio não interprete mal a minha ousadia, feita obviamente com a nobre intenção de divulgação e de partilha de uma lufada fresca . Quanto aos leitores recomendo uma visita ao mesmo, sítio é claro. Imperdível. Exige uma degustação apurada. E pronto, amanhã há mais!

sábado, maio 08, 2004


sexta-feira, maio 07, 2004

No SULturas (pasquim) de há sete anos:

Já nos aborrecemos de ir pelo mundo fora, agora queremos que o mundo nos venha ver. Ó míopes do poder central, microcéfalos da política externa: a nossa salvação é o turismo, a nossa vocação é sermos calorosos e receptivos. Portugal tem a sua maior riqueza nos portugueses; no que fomos e no que somos. Resta agora sabermos que o seremos. Não estraguem isso se fazem o favor. Promovam bem a coisa, que nós cá estamos.

BORIS encore

Tout ce que je viens de vous dire, peut-être que ça
n'apporte pas grand-chose, mais remarquez bien que
ça ne retire rien non plus.

Boris Vian

quinta-feira, maio 06, 2004

Como se evolui de tomate a laranja
Ou ainda, se o grande dirigente Arnaldo Matos continua (sic) fiel ao «mesmo núcleo de ideias fundamentais», o grande ministriável Durão continua fiel ao núcleo dos mesmos fundamentais, com ideias ou não. Ah! a maravilhosa EVOLUÇÃO!

Um autêntico mimo...
A não perder no novo dicionário não ilustrado. Entradas 682, 683 e 684.

Ser mandatário – O que durante a campanha, reparando que não pode ser o pastor, lá consegue ficar a tomar conta dos badalos e a dar cobertura às ovelhas ronhosas

Ser pau mandado – Destino reservado a quem viu perdidas as hipóteses de ser matraca, e não consegue alinhar companheiros para ser matraquilho.

Ser manda chuva – O que se dedica a brincar com o autoclismo das nuvens, mas que deixa o encantador piaçaba para os faxineiros de turno

quarta-feira, maio 05, 2004

EDITAL
O SULturas light - Pasquim Regional de Incontinência Mental, de periodicidade imprevista, vai passar à clandestinidade comercial em termos de impressão, pois a tipografia "O Algarve" está a boicotar a coisa, não imprimindo o Nº2 da segunda série - vá-se lá saber porquê, ao ponto de nos restar apenas esta saída airosa. Assim, pedimos aos leitores um pouco mais de beatificada paciência e aconselhamos a que não roam as unhas neste compasso de espera. Como recompensa, especialmente para os mais fieis leitores, transcrevemos um leve cheirinho da entrevista exclusiva, feita por José da Procura Incessante de Tacho, a António Andróide da Nação, acerca do estado da Nação:

JPIT Como vê o Portugal de hoje? Ainda acredita estar a nação predestinada para grandes desígnios, tal como defendia no seu passado?

AAN – A pátria está “apimbalhada” em todas as frentes. A juventude está anestesiada. O maior horror é ver os próprios jovens imberbes com atitudes de javardos, tidas à imagem dos ocos e toscos seres que mitificam e idolatram. Há saloiice em barda na política e mediocridade impregnada na alegada cultura e ninguém tem os badamecos no sítio para transformar a alarvidade social. É um triste momento histórico, este em que vivemos. As elites moribundas, umbilicais e desinteressadas – e não falando da incultura de que são, actualmente, detentoras, já nem se preocupam em estupidificar, moldar ou amansar as massas. Deixou de ser necessário. Estas tratam de si próprias, mutilando-se mentalmente, com o acervo de imbecilidades que consomem desenfreadamente. O povinho tornou-se boçal e comezinho, porque não prescinde da sua teimosa ignorância crassa, sendo o seu conceito de evolução apenas bancário. A sua divisa: inveja, ganância e desrespeito. E esse povinho já frequenta os circuitos do poder. A par do recrudescer da estupidez, vem o assentar arraiais da sacana da esperteza saloia. A chusma de energúmenos que enchem os estádios, os centros comerciais e dão audiências às lobotomias televisivas, é a mesma turba que, no quotidiano, está pronta a enganar, sacar, corromper, cometer atrocidades, crucificar terceiros e sabe-se lá o quê mais. É medonho. É reles. É atroz. Portugal embrutece, envelhece e nunca mais acontece.

DESEMPREGO DECRESCEU EM ABRIL, para aumentar vertiginosamente já no próximo mês.
A miraculosa notícia do CM dá ainda conta do decréscimo do desemprego no Algarve. Uau! Considerando que somos, no Algarve, uma zona turística sazonal e que em Abril se inicia o ciclo da época alta, têm portanto todos os motivos para se regozijarem com os fantásticos 15,8% citados. Ó ignorância!

terça-feira, maio 04, 2004

Cerca de 40 mil professores terão sido “irregularmente” excluídos do concurso de docentes para 2004/5. Alegada falta ou não confirmação de habilitações são alguns dos motivos encontrados para excluir docentes que já dão aulas há vários anos.
Será que estamos em presença duma depuração informática à posteriori, de um antigo processo manual de admissão? Ou dar-se-á o caso de ser uma simples purgação caótica à priori? Dum modo ou doutro, bem pode o Jorge Sampaio pedir mais investimento na Educação (mais propriamente na organização da dita - acrescentaria eu). Desta feita uns computadorzitos com trambelhos bastavam.

I'm back!!!
Estou de volta à vidinha normal. Sinto até um certo prazer mórbido nisso. Ah! as delícias do quotidiano, qual carrossel estonteante de rotinas, pequenos enredos e coisinhas demais. Abençoados os pobres de espírito pois deles será o tédio final.

segunda-feira, maio 03, 2004

LISBON REVISITED III

Aviso nos carros eléctricos da carris:

En français:
Attention aux pickpockets!

In english:
Beware of pickpockets!

Em português (versão popular):
Cuidado com os governantes!

hits. online
adopt your own virtual pet!

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