<$BlogRSDUrl$>

domingo, agosto 29, 2004


Pois hoje vou até aqui, já ali ao lado com vista para espanha. Um local único nas noites do algarve. De notar que o preço da gasolina em Espanha faz a viagem sair à borla. Deixem de ser saloios e bairristas. Circulem coño!

E por falar em INÉDITA e actual, aqui vai dose de novo:

DA FAMIGERADA PALA

Localização: Paralelo 38 – Lisboa – Junto às docas por baixo da Ponte sobre o Tejo (assim por nós devidamente denominada, já que Salazar não lhe deu crédito e o 25 de Abril não lhe deu posterior mérito)

Tendo, por definição lexical primária, que uma “pala” encarna um substantivo feminino composto pela parte do boné que serve de anteparo aos olhos, será bem de ver e entender a aflição que nos vai na alma, ao querermos definir, concretamente, a coisa em causa assim de pala apelidada, ou por querermos consubstanciar o objecto com o objectivo da mesma. É sábio e de bom-tom, recorrer aos antepassados e à história, como fórmulas vitamínicas de peso, para criar modernidade nos caminhos da arquitectura. Tendo, é claro, por definição lexical primária, que uma qualquer “arquitectura” espiritualiza um substantivo feminino concretizado pela arte de edificar ou traçar planos para construção de edifícios. Ora de tal não se trata. Ora de tal modo estarmos, assim, tão obtusos.
Se o objectivo estético da “pala” era o de proporcionar uma vontade anímica de singrar, foi de todo inconsequente, pois uma prancha de mergulhos seria mais conforme ao estado geral da nação. Se o objectivo era utilitário, desculpem a ignorância, mas não vislumbramos qualquer utilidade imediata ou utilização futura. Compreendemos, contudo, a necessidade de expressão de novos criativos (embora continuemos a achar que a criação real, é a de aviários, afins e derivados), em busca de afirmação e facturação. Tanto pior para a primeira das últimas citadas, tanto melhor para a última. Ganhar dinheiro com a estupidez alheia, pode ter o seu devido talento. Mas ganhar dinheiro indevido com o erário público é um crime de lesa tudo-e-todos.
As aberrações arquitectónicas e os mamarrachos de bimbos construtores, já fazem, infeliz e irreversivelmente, parte do quotidiano português. Não precisamos de artimanhas pseudo-artísticas para tentar retocar o indisfarçável. Já chega de minhocas em Albufeira e de outras expressões de horror pelo país adentro. Precisamos de recuperar muito e muito mais, em vez de criar fenómenos de circo. Como sempre, a responsabilidade é de quem aprova, embora a taralhouquice seja de quem concebe. Neste caso, a patologia de atraso mental (ou afirmação de esperteza saloia mútua) tocou ambas as partes, e a função do produto final é tão-somente a de criar uma grande interrogação, em todas as mentes em confronto visual com a dita cuja. A coisa está em completo desfasamento, mal situada, inerte, mal conseguida (e o que seria para ser conseguido?), devotada ao engasgamento no espaço circundante, não tem trambelhos, e ó meu Deus resta saber quanto custou, e ó raios-me-partam quem terá pago. Uma coisa é certa: quando houver respostas, não me digam nada, senão GRITO!

Mais "uma" de peso para o repositório do SULturas (o pasquim), texto também publicado na INÉDITA. De lamentar o facto do tema continuar actual...

TANGAS

Portugal está de tanga. Este é um dado adquirido. O que mais causa horror é o facto de essa mesma tanga ter sido também importada. Estamos corroídos até ao tutano, sem conseguirmos vislumbrar terapêutica económica ou cirurgia política que nos valha. Por outras palavras, encontramo-nos encalacrados nesta periferia geográfica e reduzidos à nossa insignificância. E a nossa famigerada “ciência de fátima” não nos pode acudir em nada para esta aflição. Somos os pindéricos europeus de sempre, reciclados com a moderna cagança da importação. Nesse domínio fomos brilhantes: temos tudo o que os países ricos e civilizados têm para consumir, excepto o dinheiro para isso mesmo. Aliás, temos até mais centros comerciais, per capita, do que os nossos congéneres europeus. Se, supostamente, alguns países nórdicos já atingiram a “saciedade” de consumo, nós corremos apenas o risco de sufocarmos com a baba da fome desse consumo. E estaremos tão endividados perante a Europa, ao ponto de ficarmos somente com o estatuto de serviçais. É claro que temos sempre, como alternativa, a possibilidade de desenvolver mais a corrupção tão ao nosso género.
No parágrafo atrás utilizei um plural. Mas nós portugueses não somos, infelizmente, um plural. E o sacana do busílis está aí! Esta nossa putativa democracia, tem sido sempre um fado imbróglio para o povo em geral, uma grande farra pimba para os novos ricos, uma sinfonia decadente para os antigos empresários, uma valsa coxa para a classe política e uma fanfarra ébria para a classe média. Como é fácil de constatar, andámos todos a ouvir um hino diferente, tocado, no entanto, sempre da mesma maneira, mas com uma panóplia de instrumentos desafinados e maestros esclerosados. A continuar tudo na mesma, doravante será uma desgarrada!
É certo que a crise, existente em todas as economias mundiais, não é um exclusivo ou uma invenção lusitana, mas bem podíamos ter registado a patente, alegando que antes de eles sonharem com a coisa, já nós tínhamos insónias com o tema. Agora, saberia bem receber os direitos de autor, vindos de todos os lados do mundo.
Porque raio de mentalidade saloia de ostentação se permitiram negócios manhosos que nada trouxeram à saúde da economia do país? Porque carga de água é que até os criativos da treta e as suas ideias foleiras têm de ser importados? Como é que um labrego, com desdém pela terra que é a sua, pode andar de Jeep (último modelo e ar condicionado) a fingir que é agricultor? O que fizeram durante a semana os bimbos que se pavoneiam entupindo as estradas ao Domingo? O que é que fazem durante a semana todos os que entopem as estradas a partir das 3 e meia da tarde? Como é que um país com tão baixo nível de produtividade (quase inactivo portanto) pode entrar em greve geral? Onde é que o raio que os parta de alguns empresários foram buscar a ideia de enriquecer no primeiro ano de actividade? Os tolos dos comerciantes, que põem à venda artigos com 300% de lucro, será que pensam que somos suíços? O que é que eles comem afinal, se com as prestações dos carros e da casa ainda ficam a dever dinheiro? Quem tiver respostas mande-me um e-mail... Há dias um meu cliente holandês perguntava-me: “Só vejo Mercedes e BMWs de matrícula portuguesa, vocês são ricos?” Ao que tive de responder – “Não, temos apenas excesso de asnos a turbo-diesel!”

sábado, agosto 28, 2004

EIS POIS ENTÃO

Eis o singelo desaguar aqui
E não ansiar mais além

Eis a vivência renovada
E não a vida sonhada

Eis a madrugada de novo
E não a noite findada

Eis o destino percorrido
E não a clarividência do caminho

Eis o passado arrumado
E não a memória tranquila

Eis o corpo usado
E não a juventude perdida

Eis o mistério desvendado
E não o segredo escondido

Eis o poema imperfeito
E não a prosa pensada

Eis a magia do ser
E não a gravata da existência

Eis o amor consumado
E não o romance consumido

Eis a soma real dos anos
E não o desfolhar do calendário

Eis o mar na concha das mãos
E não o horizonte nos olhos

Eis todos os astros no firmamento
E não as estrelas anãs da fama

Eis a serenidade
E não a resignação

Eis a agonia
E não a angústia

Eis a alegria
E não a galhofa

Eis o sentido
E não a procura

Eis a festa
E não o ritual

Eis finalmente o mundo
E nada demais profundo


terça-feira, agosto 24, 2004

Poema

Tua boca
é um dia estreito
cheio de moscas

De noite
tem a cor azul-verde
dum veneno
como o mar.

Pedro Oom

sexta-feira, agosto 20, 2004


Agora é assim. E não estou a pretender dizer coisa alguma, que fique bem explícito. É só constatar e pensar depois ao gosto do freguês. Boas férias!


Era assim a Praia da Oura. Anos sessenta. Pois é, quem diria!


terça-feira, agosto 17, 2004

Por princípio e de começo...

GOSTARIA

Gostaria

Gostaria
De vir a ser um grande poeta
E que as pessoas
Me pusessem
Muitos louros na cabeça
Mas aí está
Não tenho
Gosto suficiente pelos livros
E penso demais em viver
E penso demais nas pessoas
Para estar sempre contente
De só escrever vento

De passagem e presente...

TUDO FOI DITO CEM VEZES

Tudo foi dito cem vezes

E muito melhor que por mim
Portanto quando escrevo versos
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte e cago-vos na tromba

E finalmente por fim...

JÁ NÃO ME APETECE MUITO

Já não me apetece muito
Escrever poesias
Se fosse como dantes
Fá-las-ia abundantes
Mas sinto-me muito velho
Sinto-me muito sério
Sinto-me consciencioso
Sinto-me preguiçoso

3 apontamentos de
Boris Vian



terça-feira, agosto 10, 2004

Estou bastante mais tranquilo agora que fiquei esclarecido acerca d'
O PROGRAMA
A Sra. D.Maria Helena Adão, "secretária, 61 anos", de Lisboa, questionada pelo Público acerca da possiblidade de Carmona Rodrigues vir a ter um melhor desempenho na CML do que Santana Lopes, disse: "Não conheço o Carmona Rodrigues, por isso não sei o que se pode esperar. Quanto a Santana Lopes, acho que fez um bom trabalho na Figueira da Foz, onde passo muitas vezes. Acho que é uma pessoa simpática, bonita, com charme". Esta senhora tem futuro na "central de comunicação" que aí vem. Em apenas três qualificativos, resumiu brilhantemente todo o programa do governo.

Porque está um calor dos diabos e não tinha mais nada que fazer, decidi voltar a espreitar o mundo lá fora - da redoma é claro, e deparei com este preciosismo da política externa:

João Jardim ameaça empresários
O presidente do Governo Regional da Madeira disse ontem que vai investir contra alguns dos empresários estrangeiros que estão na ilha considerados «pessoas não gratas», que não admitem que o seu poder chegou ao fim.
Alberto João Jardim descreveu os empresários como «capitalistas da Madeira Velha», assumindo que um dos seus principais «alvos» é o grupo inglês Blandy, o accionista maioritário do Diário de Notícias do Funchal.
«Se um grupo económico está a prejudicar a vida da região, deve ser expropriado», afirmou o presidente do PSD/Madeira.


Com tomatada deste calibre o Algarve piaria fino. Tenho dito e sem conotações políticas, ó carneirada especuladora.

domingo, agosto 01, 2004

Segue abaixo mais um ramalhete fresco para o repositório histórico do SULturas:

MINIMAIS SAZONAIS


Considerando que o Verão não é dado a grandes reflexões, remeto-vos algumas breves futilidades, muito embora sejam de um calibre sofisticado. Preferível sempre acompanhar a leitura com um gin-tónico. Existam como quiserem e não me chateiem com esse facto. Sejam lindos!

A raiva contida nos meus dentes de prótese perante a fragilidade do teu clitóris. Pudesse eu trincar-te a alma... Esse teu espírito de louva-a-deus em suor e contracção muscular. A carne é fraca mas o exercício promete ser divino e robusto. Para todos os efeitos terei que me antecipar em êxtase neste processo de pequena morte. Casualmente poderei liquidar-te após o orgasmo pois não vislumbro em ti utilidade posterior. Ah! o amor moderno.

Hoje mesmo telefonarei para o Vaticano para saber se ainda há alguma vaga para me candidatar a diabo. Que raio, um homem que se preze deve ter um cargo à sua altura.

Marcolina Virginal não tinha aspirações fálicas. Conheceu um dia um corneto e pasmou-se até à exaustão mandibular. Ele por seu lado obviamente derreteu-se. Toda esta tragédia consumou-se na praia do meco. Margarida Rebelo Pinto promete desenvolver o tema no seu próximo romance.

Andava tão circunspecto e pensativo, com o pleno propósito de atingir o graal da existência, quando tropeçou nele um grunho local. Deixou-se automaticamente dessas actividades transcendentais depois de concluir que afinal a merda é que não tem limites.

São precisamente os teus precisos cinquenta quilos em piruetas irregulares e desprevenidamente evoluindo em perfeito surreal e com imensa leveza, que me suscitam as mais nobres funções da minha existência. Como se pode ser primário perante tal cenário?

Vou suicidar-me de pronto agora mesmo, com todo o stress e urgência. Há que aproveitar bem o tempo nos tempos actuais. Amanhã tenho tanto que fazer.

Arre palermóide apreensivo com a descoberta da existência de um triângulo amoroso na tua vida. Soubesses tu os oxígonos amorosos de alguns. Há gente que é limitada até na geometria do amor.

Sua eminência parda soluçava e esbracejava, triste destino o da impotência. A amante em repouso sobre a otomana bocejou de tédio. O serviçal com a cabeça enfiada na sua saia tinha já um formigueiro na língua. Como podem constatar, a vida não é fácil para ninguém.

Pode-se até não saber o que se anda a fazer mas deve-se ter sempre um ar decidido.

hits. online
adopt your own virtual pet!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?