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segunda-feira, novembro 21, 2005

De volta II

E muito porque estou de ressaca, coisa que tão bem domino mas ainda assim sempre inédita, vem muito a propósito o que se segue de Mário Sá-Carneiro

Álcool

Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.

Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.

Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...

Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...

Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante
Manhã tão forte que me anoiteceu

domingo, novembro 20, 2005

De Volta I

E pronto, estou de volta à vidinha quotidiana. Bem não queria. Mas a vida tem disto: retornos inevitáveis. Se assim o quisermos, está bem de se ver. Posso sempre perder-me onde bem me apetecer. Tem enormes custos, obviamente. Económicos, culturais, sociais e de identidade em aculturação. Mas nunca pensei nisso seriamente e por isso mesmo retorno. Simplesmente. Hábitos. Medo. Já nem sei. Tenho amigos que desapareceram para sempre em paragens remotas sem enviarem postais. Tenho amigos que retornaram sem saberem porquê e nunca mais disseram algo. Tenho amigos que empreenderam idas despreocupadas tão perto e simultaneamente letais e intemporais e morreram e tudo. Eu fiquei, e se calhar isso requer muito mais coragem. Não sei. Mas certamente é uma questão de ter pachorra, esta coisa de ficar. Ir é um verbo com consequências enormes, imprevisíveis, por vezes definitivas. Ficar é um verbo de mães e tias e avós. Coisa envolvente e feminina, e familiar, e de casulo. É bom ficar. É de menino. E é de pai, que não consigo deixar de ser. Mas é melhor ainda que o verbo seja "ter onde ficar". Ter onde ficar é tão europeu e civilizado e enraizado e natural e tido como certeiro, que nos esquecemos da cambada sem código postal. Bem-vindos ao caos europeu das cartas sem entrega possível. Metáfora? Esperem pela pancada...

sexta-feira, novembro 18, 2005

Pois as férias prolongaram-se, é o que é. Cuscos costumeiros recomendo-vos outras paragens. Quanto a vós gente boa e trabalhadora, moÇoilas prostradas e leitores fiéis: PEDIMOS DESCULPA POR ESTA INTERRUPÇAO, O BLOG SEGUE DENTRO DE MOMENTOS.

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